Estudante de Ciências Biológicas conquista 3º lugar em evento científico

A estudante do curso de Ciências Biológicas do IFPA Campus Tucuruí, Gabriele Miranda, conquistou o 3º lugar no XIV Seminário de Iniciação Científica, Tecnológica e Inovação (SICTI) do IFPA, evento realizado no período de 16 a 18 de novembro em Conceição do Araguaia (PA). A pesquisa da aluna, intitulada “Influência dos Sistemas Agroflorestais sobre a produção de micélio extraradicular no solo em cultivos de palma de óleo no nordeste paraense”, é fruto de um trabalho desenvolvido há mais de 2 anos, tendo a orientação do professor Dr. Rodrigo Maia e a participação das estudantes Adle Glenda, Rayane Caroline e Taynara Cristina na equipe.

O estudo foi realizado em plantações de dendezeiro no município de Tomé-Açu, localizado no nordeste do Pará, onde há o incentivo de diversas organizações (como a Embrapa, por exemplo)  para a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) naquela região. Esses sistemas são modelos de plantações nos quais são cultivadas várias espécies de plantas no mesmo espaço, sendo selecionadas de acordo com o que se pretende cultivar, gerando uma combinação de cultivos que estimule o aumento da produtividade, a melhora na saúde do solo e a diminuição de impactos ambientais.

Os sistemas agroflorestais aplicados no cultivo de dendezeiro são uma alternativa sustentável, já que o modelo convencional de cultivo dessa planta (monocultura) tem gerado danos à natureza, como desmatamento, perda da biodiversidade e desgaste do solo. A partir do dendezeiro é extraído o óleo de palma, também conhecido como azeite de dendê, muito utilizado na indústria alimentícia, de cosméticos e de biocombustíveis, por exemplo.

Segundo os pesquisadores, o estudo buscou “avaliar os impactos de dois tipos de SAFs diferentes (com alta e baixa diversidade de espécies vegetais) sobre o micélio extraradicular do solo e a densidade de esporos de Fungos Micorrízicos Arbusculares (FMAs) em relação ao cultivo convencional”.

O micélio extraradicular e os esporos são estruturas que fazem parte dos fungos (neste caso em questão, dos fungos simbiontes) presentes nos diferentes modelos de plantação (os SAFs e o convencional). Esses fungos se desenvolvem naturalmente nesses cultivos e ajudam a planta a absorver mais água e nutrientes pelas raízes, contribuindo no aumento da produtividade dela. Em contrapartida, os fungos recebem da planta uma parte do açúcar da fotossíntese. Essa troca de benefícios entre as espécies é chamada de simbiose.

No estudo, foi avaliada a colonização micorrízica em raízes finas e coletada amostras de solo. Como resultado da pesquisa, constatou-se que “a quantidade de micélio extraradicular no solo e a colonização micorrízica no cultivo de óleo de palma [dendezeiro] inserido nos SAFs foi maior em relação ao monocultivo; por outro lado, a densidade de esporos foi mais elevada no sistema convencional”. Em termos práticos, isso quer dizer o dendezeiro cultivado nos sistemas agroflorestais aumentou a parceria com  os fungos simbiontes, o que o fez absorver mais água e nutrientes, tornando-se mais produtivo do que o dendezeiro de um sistema convencional.

De acordo com a equipe que realizou a pesquisa, além da maior produtividade do dendezeiro proporcionada pelos sistemas agroflorestais (somando a isso, também, a colheita de outros produtos que são cultivados no mesmo espaço), existem importantes benefícios ambientais, pois há mais matéria orgânica no local, onde os micro-organismos (como os fungos estudados) atuam melhor, deixando o solo mais saudável e independente (ou menos dependente) de fertilizantes.

Para os pesquisadores, “os resultados deste estudo podem ajudar pesquisas futuras no entendimento do papel dos SAFs na colonização micorrízica da palma de óleo [dendezeiro] em condições de campo e na adoção de modelos mais sustentáveis de manejo desse cultivo para a Amazônia”.